Projeto Feijão completa 40 anos e ainda dá frutos

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Pesquisa do Cena/USP da década de 1970 origina nova cultivar já liberada aos agricultores

Em setembro, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP) completa 47 anos de existência. E em tantos anos de história a instituição contabiliza experiências de muito sucesso aplicadas na agricultura, algumas muito importantes que, inclusive, já são aproveitadas em escala comercial, como é o caso do arroz, feijão e crisântemo.

Porém, apesar de certos experimentos desenvolvidos nos laboratórios do CENA/USP terem sido realizados há muito tempo, algumas pesquisas ainda dão frutos, como é o caso de uma nova cultivar de feijão, que acaba de ser liberada aos agricultores para plantio pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), de Londrina.

Essa cultivar tem em seu pedigree o mutante de feijão Carioca 1070, obtido pelo Cena/USP por irradiação de sementes e liberado aos agricultores do Paraná em 1986. “Na década de 1970, praticamente todas as seções do Cena estavam envolvidas com ensino, pesquisa e extensão no Projeto Feijão”, lembra o professor da antiga Seção de Radiogenética, Augusto Tulmann Neto.

Mantida no banco de germoplasma do Iapar desde então, há dez anos a pesquisadora Vania Moda-Cirino utilizou o mutante em cruzamento simples com outra variedade da instituição paranaense, obtendo a cultivar IPR Curió, cujas sementes são do feijão tipo carioca possuem o hábito determinado e a precocidade derivadas do mutante Carioca 1070. “A nova cultivar tem potencial produtivo médio de 3.892 kg/ha, e seu porte ereto favorece a colheita mecânica direta, sendo registrada para cultivo nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul”, explicou.

A história termina como mais uma inovação da ciência em benefício do agricultor, iniciada em 1975, quando surgiu uma bolsa de iniciação científica da Comissão Nacional de Energia Nuclear, a qual contemplou uma estudante de agronomia da Esalq. “Tive a oportunidade de orientar na Seção de Radiogenética do Cena um trabalho de mutação de feijão por meio de indução. A estudante ainda se chamava Vania Moda e, posteriormente, fez seu mestrado e doutorado no Cena e na Esalq, sob orientação do professor Akihiko Ando”, completa Tulmann.

Este fato ilustra bem como o Cena/USP, utilizando suas pesquisas, como no caso do Projeto Feijão, tem colaborado para a formação de pesquisadores, desde a iniciação científica e como as técnicas nucleares podem auxiliar no melhoramento de plantas. “O mutante induzido por raios-gama foi utilizado tanto diretamente pelos agricultores, como no caso o Carioca 1070, e indiretamente agora em um programa de melhoramento envolvendo cruzamento, originando a nova cultivar IPR Curió”, conclui.

A pesquisadora Vania Moda-Cirino apresentou a nova cultivar de feijão IPR Curió, durante o 7º Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, realizado no início deste mês de agosto, em Uberlândia (MG).

 


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