Uma técnica de uso de radiação para a produção de laranjas sem sementes está em desenvolvimento por pesquisadores do interior de São Paulo.
No método, os cientistas colocam as sementes destinadas ao plantio em um equipamento em que o material é submetido à radiação. Esse material modificado gera frutas sem semente.
No Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura), órgão da USP em Piracicaba (160 km de SP), já foi desenvolvida, com o uso da radiação, uma variedade de feijão mais resistente a pragas.
Essa variedade foi cruzada com outra sem o tratamento e gerou um produto que vem sendo comercializado desde a década de 1990.
Fora do país, a técnica já está mais disseminada. Os pesquisadores afirmam que o uso da energia nuclear é totalmente seguro, já que as plantas “mutantes” não ficam radioativas.
A laranja-pera sem sementes, desenvolvida no Cena, deve chegar ao mercado em dois anos.
“Já temos pomares experimentais e em breve faremos distribuição em pequena escala, para só depois expandir comercialmente”, afirma Rodrigo Latado, que também é pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas, do governo de São Paulo.
“Para a indústria, eliminar a semente agrega valor ao produto, principalmente na produção de sucos.”
POTENCIAL
Antônio Figueira, diretor do Cena, diz que a radiação tem um “potencial grande”. “Para a exportação, alguns países até preferem esses produtos, pois eles demandam um uso muito menor de agrotóxicos”, afirma.
Para o presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), Flavio Viegas, que não participa dos experimentos, o produto desperta interesse.
“O consumidor é bastante exigente. Se a laranja-pera não tiver semente, será uma revolução nesse mercado, e acredito que tenha chances de consolidação”, diz.
Fonte: Folha – www.folha.uol.com.br